…No dia seguinte, quando acordei, meus pais já tinham saído e deixaram sobre a cama deles um bilhete. As recomendações de sempre. Que delícia de férias! Eu mal acreditava que pudesse estar gostando. Parecia que eu nem sentia falta da minha vida em Brasília, de ficar no computador ou ver TV quase o dia todo. Estava feliz da vida em Pirenópolis. Entrei no banheiro, fechei a porta e tirei toda a roupa. Comecei a dançar em frente ao espelho. Até que as minhas costas não eram tão feias assim. Não teria nada demais se eu tirasse a camiseta na frente dos outros. Mas como fazer para que meus grilos parassem de me encher? Empolguei-me tanto ao ver meu corpo com outros olhos que disparei a cantar vários trechos de músicas de que eu gostava. Sem me dar conta, minha mãe voltou para o quarto a fim de pegar a chave do carro e, surpresa, ouviu a minha cantoria. Ela me chamou, bateu à porta uma, duas, três vezes. Quem disse que eu ouvi? Só queria saber de pular, dançar e berrar. Ela não resistiu e girou a maçaneta. Não consegui acreditar quando ela me pegou dançando pelado e fazendo todo aquele carnaval. Fiquei vermelho e enrolei a toalha na cintura. – Não percebi que você tinha entrado, mãe. – Desculpa, é que achei estranho você cantando alto aqui no banheiro. Bati umas dez vezes à porta e nada de você abrir. Fiquei preocupada e entrei para saber o que estava acontecendo. – É que… Que… Que estou feliz! – Que ótimo, filho. E bota feliz nisso! Seu pai e eu também estamos felizes por saber que você se entrosou com seus amigos e está aproveitando tudo. Como fui pego no pulo e não tive como colocar a camiseta, mostrei-lhe as minhas costas. Ela deslizou a sua mão com carinho sobre as espinhas e se surpreendeu com o aparecimento delas, pois fazia um bom tempo que não me via sem roupa. Ela incorporou a dermatologista e deu um monte de explicações. Falou sobre alimentação, que o melhor seria eu reduzir alimentos gordurosos, comer outros mais saudáveis, frutas, legumes, tomar mais sol, com …