“…
O silêncio: tão importante quanto a palavra em uma narração. Porém, sua duração deve ser precisa, nem a mais nem a menos. Uma exatidão que a gente só aprende a imprimir com o tempo. Aparentemente, o silêncio se apresenta vazio de informações, mas é em sua duração que o ouvinte consegue esmiuçar e apreciar as cenas criadas pelas palavras ditas nas frases anteriores. Ele desempenha o mesmo trabalho que os limpadores de para-brisa, os quais, durante a chuva, limpam o vidro para seguirmos o trajeto sem deixar de enxergar o que está à nossa frente, ao nosso redor. O silêncio, por sua vez, limpa a narração. Permite ao ouvinte dispor de tempo para saborear as palavras, afagar uma conjugação verbal feita com propriedade e conhecimento. O silêncio confere eco para as palavras, faz com que elas vibbrem, repercutam. Uma prática que se aprende ouvindo e que se apreende do texto, a pedra fundamental do contador de hisórias, do condutor de silêncios, maiores e menores…”