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O tempo das cores

Boas ideias devem ser compartilhadas e perpetuadas. A ação de Cora deu muitos bons frutos. Juntos, Cora e Caio ensinaram os filhos e depois os sobrinhos a espalharem a mensagem das cores. Agora é a vez da próxima geração levar essa missão adiante. O momento é de revisitar a casa amarela e essa família afetuosa e colorida, abrir mais chuveiros imaginários para curar todas as dores e ajudar o mundo a ser melhor. Um romance juvenil envolvente que trata de solidariedade, amizades cúmplices, ajuda mútua.

Autor: Jonas Ribeiro
Ilustrações: Mariângela Haddad
Editora: Editora do Brasil

…Laura fechou a porta de seu quarto. Precisava de um azul-claro. Girou o registro e deixou o azul cair, cair. Ficou serena, azulada, pronta para responder ao Matheus. Preferiu escrever à mão. Depois, digitaria. Pegou caneta e mergulhou na brancura da sulfite…
Prezado Matheus,
Todos nós precisamos de óculos. Há sempre algo que ainda não enxergamos nem aprendemos. É por isso que existe uma ótica gigantesca no Universo. Lá, encontraremos os óculos certos para cada um de nós. A propósito, o que é bonito para um não o é para outro.
Tudo depende do nosso olhar, do ângulo do qual observamos o outro. E que direito temos de chamar as pessoas de feias, assustadoras, pavorosas? Só temos os nossos olhos para olhar, só podemos contar com a avaliação de nossos olhos. Não podemos ver e avaliar o mundo pelos olhos dos outros. Portanto, não nos cabe disparar palavras que machucam os outros por dentro, como se nossas avaliações representassem todos os olhares do mundo.
Mas não fiquemos chateados por não enxergar tudo o que nos rodeia e o que está dentro de nós. Vamos procurar óculos bons para todos…
Óculos para o preconceito nos fazem enxergar as diferenças.
Óculos para a arrogância nos fazem enxergar a humildade.
Óculos para a intolerância nos fazem enxergar a compreensão.
Óculos para a humilhação nos fazem enxergar a valorização.
Óculos para a ignorância nos fazem enxergar o conhecimento.
Óculos para a mentira nos fazem enxergar a verdade.
Óculos para a maldade nos fazem enxergar a bondade.
Óculos para o egoísmo nos fazem enxergar a caridade.
Óculos para o medo nos fazem enxergar a coragem.
Óculos para o ódio nos fazem enxergar o amor.
Óculos para o desânimo nos fazem enxergar a perseverança.
Óculos para a tristeza nos fazem enxergar a alegria.
Óculos para a estupidez nos fazem enxergar o afeto, o carinho.
Óculos para o erro grave nos fazem enxergar o perdão, o recomeço.
Óculos para a violência nos fazem enxergar a não violência, a paz.
E boa sorte em seu namoro com a Stephanie.
Vocês são muito bonitos e merecem ser felizes.
Amigavelmente.
Laura
Estava aliviada. Escreveu o que pretendia. Escovou os dentes demoradamente e, antes de se deitar, soprou suas palavras para o Matheus com cópia oculta para os pais e a prima. O Matheus estava on-line e visualizou no mesmo minuto. Esperou um pouco para ver se ele responderia e nada.
Matheus se deu conta de que não deveria ter feito aquela postagem. Ainda bem que a Laura respondeu só para ele, a Stephanie não tinha nem metade da personalidade e do brilho da Laura. Não sabia se sentia vergonha da sua postagem imbecil ou se admirava a segurança da Laura. Estava acostumado com grosserias, indiretas, provocações, não com educação. Devia estar precisando urgente de vários dos óculos que a Laura citou. Nem tinha o que responder. E se…

 

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