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O baile das caveiras

Há humor, suspense e terror neste história.
Há um mistério no cemitério.
Um caso de amor entre uma senhora e a caveira de um homem.
O destino que os separou resolve juntá-los mais uma vez.
Um menino escreve as aventuras da avó.
A história começa a esquentar quando a Morte Rainha vai buscar a senhorinha e percebe que…
Melhor não contar!
Se você não tiver estômago pra coisas de outro mundo, melhor nem abrir este livro e procurar outro mais açucarado.
Melhor mesmo é deixá-lo onde estava e fingir que nunca o viu.
É! É melhor! Sua caveira vai agradecer.
Também há a versão em inglês de O baile das caveiras: The skeleton`s ball

Autor: Jonas Ribeiro
Ilustrações: Victor Tavares
Editora: Telos Editora

Um silêncio suspeito passeava por entre as lápides.
Deixava o cemitério para trás e ganhava a cidade.
Dobrava esquinas, atravessava avenidas, pairava na atmosfera.
Naquela noite de lua cheia, nenhuma viva alma quis sair para dar uma volta no quarteirão com o cachorro.
De suas casas, as pessoas ouviam um silêncio sinistro aproximando-se, rondando, pisando com uma maciez imperceptível. Para espantar aquela sensação incômoda querendo entrar e levar a tranquilidade, as pessoas respiravam com cautela e evitavam fazer todo e qualquer barulho.
Aqui em casa não foi diferente. Clima tenso. Os cômodos mergulhados na escuridão, exceto a cozinha que, pela posição da lua, estava banhada por um feixe de raios. Para distrair o nervosismo, minha mãe resolveu enxugar a louça e quebrou uma pilha de sete pratos. Sentiu um calafrio na espinha e, com mãos trêmulas, pegou vassoura e pá. Como era sexta-feira, meu pai sugeriu que, no dia seguinte, depois do café, e com mais tempo, eles recolhessem os cacos. Subiram, então, para o quarto.
No sábado, por volta das sete e meia, quando o sol já abraçava todos os cantos da casa, minha avó ralhou um tempão com nosso cachorro, o Labareda, que não quis dormir no quintal nem desgrudou de um osso tamanho família. De uma hora pra outra, minha avó desandou a tossir. Parecia que havia juntado toda a tosse do mundo e colocado em seu corpo. E ia de um lado para o outro. E nós ouvíamos uma sinfonia dissonante com tosses, rangidos de tábua solta e as unhas do Labareda riscando o chão do corredor.
Acordei com aquela barulheira e fiquei esperando algo anormal acontecer.
E aconteceu!
Às oito horas, antes mesmo de meu pai descer para fazer o café, ouvimos um estrondo que…