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Banquete de Contos Fantásticos

São sete contos envolventes, sete sabores distintos, sete universos fantásticos. Situações graves e bem-humoradas tratadas com suavidade, esperança, ternura. E com as extraordinárias ilustrações de Márcia Széliga. O livro Banquete de Contos Fantásticos compõe uma dupla literária com o romance juvenil Banquete de Capítulos Fantásticos. Embora um seja de contos e outro seja um romance, um não é a continuação do outro, podem ser lidos separadamente, mas, quando o leitor conhecer os dois banquetes, perceberá que um livro se encaixa no outro, e provará sabores e nuances fantásticas, misteriosas. Ambos escritos por Jonas Ribeiro, ilustrados pela Márcia Széliga e publicados pela Suinara. Eis os sete contos contidos neste banquete: 1. Louvável e adorável preguiça; 2. Uma voz encantadora; 3. Suculentas fatias de melancia; 4. O banquete; 5. Que sacada!; 6. Jack Ré, um jacaré dedo-duro no quarto dos gêmeos; 7. Compadres doidos, comadres varridas.

 

Autor: Jonas Ribeiro
Ilustradora: Márcia Széliga
Editora: Suinara


A mesa veste-se de linho branco. Ao seu redor, vários convivas ocupam as cadeiras, cabisbaixos. Na frente de cada conviva repousam talheres e um prato de porcelana clara com a borda dourada. Ao lado, uma argola de ouro estreita com elegância um guardanapo de pano arranjado em flor. A meia-luz da sala rouba a plenitude do brilho das taças. Nenhum dos convivas fala, e essa redoma de acusações mudas apunhala, incrimina e gera uma sombra austera. O luxo frágil e uma imensurável tristeza marcam os gestos dos convivas.
Embora todos fossem cúmplices, não ousavam erguer os olhos para encarar-se. Eles sabiam que no olhar do outro encontrariam a crueza da crueldade que havia em seus próprios olhos.
Militares vinham trazer as baixelas para a mesa. Um silêncio obtuso arranhava a cumplicidade. Além do silêncio, os ouvidos ouviam também gritos de horror, agonia, desespero. Era o eco da consciência dos tiranos. Outras baixelas eram trazidas. As taças encheram-se de um vinho da cor do sangue. E, ávidos de prazer, os convivas beberam a sangria dos próprios atos. Não houve brinde, não houve murmúrio, não houve nada. Os militares deixaram a mesa sem qualquer reverência e os líderes ficaram a sós, segurando as taças vazias, a cumplicidade e a consciência nas mãos, sem saber o que pronunciar, que atitude tomar. E, por mais que falassem, por mais que fizessem, o passado sempre os denunciaria.
A maior das baixelas foi aberta. Os olhos, que até então não ousavam erguer-se, dirigiram-se para aquele suculento prato. A baba da ambição escorreu-lhes dos beiços. Todos cobiçaram o Poder rodeado de batatas coradas. Avançaram com selvageria, fazendo brotar toda tirania. Em segundos, não mais se viam as…

 

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