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Era uma vez um rei arquimilionário que morava num castelo de setecentas e setenta e sete torres. O castelo era simplesmente deslumbrante, de deixar qualquer um com o queixo caído.
Nele havia tudo o que um rei arquimilionário poderia desejar: dezenas de elevadores, escadas rolantes, sala das almofadas, sala das geladeiras, escorregadores, piscinas, cachoeiras, jardins, bosques, restaurantes, sorveterias, parque de diversões e até uma linda e imensa capela com quinhentos e cinquenta e cinco vitrais, cada um de uma cor diferente.
Não dava para se perder porque tudo era bem sinalizado, e os empregados tinham de saber de cor e salteado o mapa do castelo. Então, era só perguntar à governanta da Ala III onde ficava a biblioteca, por exemplo, que ela tinha de ter a resposta na ponta da língua; caso não soubesse responder, seria demitida imediatamente.
Mas, por maior que fosse o castelo e por mais riquezas que o rei tivesse, nada para ele valia tanto e era tão precioso como a sua filha. Todos os mimos, as atenções e os paparicos eram para a filha amada. Sem dúvida, a princesa era a joia mais suntuosa do reino.
Acontece que a princesa não era nada disposta: ela dormia vinte e três horas por dia. Só acordava para pentear os longos cabelos, tirar as remelas dos olhos e comer. Feito isso, a dorminhoca princesa trocava a camisola, voltava para a sua cama e dormia logo em seguida. Dormia um sono pesado, cheio de sonhos, que durava exatamente vinte e três horas.
O rei, em vez de se mostrar contrariado, dava total apoio à filha. Ficava furioso quando alguém espirrava ou mesmo conversava perto do quarto da princesa. Não permitia nem mesmo que o voo de uma simples borboleta atrapalhasse o sono de sua estimada filha.
Com o tempo, a princesa ficou mais preguiçosa ainda e passou a dormir vinte e três horas e cinquenta e nove minutos por dia, restando apenas um minuto para fazer uma ligeira refeição. Não perdia mais tempo trocando a camisola, penteando os longos cabelos ou tirando as remelas dos olhos.
Até que aconteceu uma coisa terrível. A princesa não acordou mais. Nem mesmo para….
A princesa vampira
Versão bem-humorada e levemente aterrorizante de uma lenda espanhola, esta história provoca riso, dá frio na barriga, calafrio na espinha. O quê? Ler este livro à meia-noite? Nem pensar! O ideal é que a leitura desta história seja feita na companhia de alguém muito corajoso. Prepare-se para conhecer um rei poderoso, uma princesa vampira, uma cigana esperta, uma sábia criatura de quatro olhos, um soldado valente e um fascinante castelo com setecentas e setenta e sete torres.
Autor: Jonas Ribeiro
Ilustrador: Laerte Silvino
Editora: Chauá Editora