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A timidez ia e voltava. Às vezes, mostrava-se um bicho de sete cabeças, e Les nem sabia o que fazer e o que pensar com tantas cabeças. Outras vezes, aparecia do tamanho de um grão de areia. Cabia no bolso do casaco e era fácil lidar com um sentimento quase imperceptível. Difícil mesmo era Les nunca saber se ia passar o dia com uma timidez gigante ou pequenina. Em uma manhã, ao acordar, Les notou que estava se sentindo forte, sem um pingo de timidez, e estava sorrindo. Havia sonhado um sonho transbordante de coragem. Precisava dialogar consigo mesma: / – Eu vi! / – E o que você viu? / – Eu vi leitores em tapetes voadores. Vi um dromedário ampliar vocabulário ao consultar um dicionário. Vi bibliotecários solidários propiciarem itinerários ao nosso extraordinário abecedário. Vi um abacaxi ensinar tupi-guarani para um caqui e um colibri…
A lesma que dialogava consigo mesma
Lesma Les tem sonhos incríveis. Para não se esquecer de nenhum detalhe, quando acorda, conta para si mesma tudo o que viu em seus sonhos. Desse modo, Les consegue se lembrar de que sonhou com um morango dançando tango, com um elefante bebendo um mar de refrigerante, com um cabrito no maior conflito, com um touro fugindo de um estouro, com leitores em tapetes voadores e com um mundo de palavras rimadas, cheias de encantamento e humor.
Autor: Jonas Ribeiro
Ilustradorea: Simone Ziasch e Vicente Mendonça
Editora: Ciranda na Escola