” Sem dúvida, era bonito passar pela Rua 5-N e apreciar as copas robustas espiando por cima do muro. Miguel achava incrível árvores como aquelas brotando de um caroço. E como é que todos os ahacateiros do mundo davam frutos na mesma época? Ele ficava imaginando uma grande rede, como a internet, que conectava todas as árvores. Será que as raízes das árvores se entrelaçavam na terra e se comunicavam entre si?
Miguel adorava o pomar plantado pelo avô. Adorava também Orestina Olegária, onde moravam. Lá, havia árvores, flores, jardins, canteiros, pomares, horas na cidade, mas não o bastante para encher os olhos. Pensativo, Miguel perguntou:
– Por que você parou de plantar depois de ter feito o nosso pomar?
– Porque não cabiam mais árvores grandes em nosso quintal.
– Mas e do outro lado do muro, pela cidade?
Brilharam os olhos do avô, e Miguel viu que ele gostara da ideia.
Os dois trocaram sorrisos largos.
Aqueles sorrisos eram duas sementes lançadas na realidade.
…”