“…
Nos raros momentos em que ficava sozinha nos fins de tarde, às seis horas, Aurora ligava o rádio para ouvir a Ave-Maria. Então, fechava os olhos para acordar as lembranças. O passado virava presente e ela vivia cenas com seus pais que teve vontade de viver, mas que a realidade não deixou acontecer. Em um desses momentos, a mãe costurava roupas de festa para toda a família. Quando ficaram prontas, a mãe de Aurora sorriu de satisfação. Todos se arrumaram com capricho e entusiasmo. Depois, seguiram para um parque de diversões. Os vizinhos estavam lá. Que parque imenso! Dezenas e dezenas de brinquedos. Os olhos de Aurora viram primeiro a roda-gigante, depois o carrossel e todos os outros brinquedos. Não havia bilheteria. Era só querer brincar e pronto! Era só querer um balão e pronto! O parque presenteava a todos com muita diversão. Assim, em um tempo inven tado nas lembranças, a mãe e o pai de Aurora riam e se divertiam nos brinquedos. Já os irmãos corriam para os brinquedos e pulavam de alegria. Que delícia ouvir a Ave-Maria… Era uma mistura de saudade, amor e encantamento.”