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Quem entrava na sala sem saber para o que ela servia, sentia logo uma vontade doida de se atirar no tapete e curtir a sua maciez. Só curtir, sem fazer nada.
Apenas sentir a gostosura de ficar deitado e esparramado em cima dele. Depois ficar de lado. Do outro lado. Depois de barriga pra baixo. De barriga pra cima. Sem ordem nenhuma.
Os amigos de seu marido achavam complicado aquele negócio de meditar. Eles diziam que era preciso muita concentração e disciplina para isso. Lavínia ria, porque, para ela, meditar era ficar pensando sem pensamentos, com a mente parada, bem assim: com muito espaço livre para ficar sentindo o lado de dentro folgado e relaxado.
No começo, ninguém ligou quando a Lavínia contou que ali seria a sala de meditação. Isso foi no começo, quando a casa ainda estava em construção, mas bastou o tapete de carneiro chegar para a sala ganhar uma outra cara.
Uma cara de lugar colante.
E-xa-ta-men-te!
Ninguém queria se desgrudar da sala e do tapete.
Era uma sensação de ímã, de magnetismo, de inexplicável, de abraço sem pressa de…